28 novembro 2014

Ceni é o retrato definitivo do Tricolor


Quando falamos sobre relacionamentos, é de crença popular que nascemos para alguém, ou que em determinado momento da vida encontraremos a pessoa certa, e que saberemos no mesmo instante que não há outro alguém que possa sê-lo. Acredito que, no futebol, não é diferente.
Não há dúvidas de que Rogério Ceni nasceu para o São Paulo. Mas hoje, após a eliminação diante do Atlético Nacional da Colômbia pela Sul-Americana, tive a certeza de que o São Paulo nasceu para Rogério. Muitos já vestiram o manto, conquistaram inúmeros títulos pelo clube do Morumbi e tornaram-se ídolos, mas Rogério foi, está e vai além. A camisa 01, as luvas e as chuteiras são uma armadura que o goleiro veste a cada jogo como se fosse o último, e o escudo no peito não é visível somente fora, mas também em seu coração.
Ceni passou por momentos incríveis na carreira, como a conquista da Libertadores e do Mundial de Clubes em 2005, e por terríveis pesadelos como a falha que custou a derrota para o Internacional na final da Liberta de 2006. Quando esteve por baixo, muitas vezes foi cobrado especialmente pelo fator idade. “Rogério está velho", “devia parar". Em momentos de raiva, confesso também ter pensado isto. Mas o que seria do São Paulo sem Rogério? Não consigo imaginar. Mesmo. A relação de amor entre Ceni e o Tricolor é tão forte e longeva que lembra aquele tipo de casamento duradouro dos nossos avós, que será lembrado de geração em geração. Você não consegue imaginar um “divórcio" de quem você vê junto há tantos anos.
Nesta temporada e, especialmente no jogo de hoje, vi Ceni mais líder do que nunca, em excelente forma e com uma voracidade semelhante a de um garoto de 20 anos. Fez defesas incríveis e decisivas, foi um dos artilheiros do time na temporada, quebrou recordes atrás de recordes. Esteve mais forte nas preleções do que nunca. Foi o líder e espelho do que o time apresentou durante toda a temporada- aliás, a melhor desde o tricampeonato brasileiro. E calou a boca de muita gente; calou a minha, que achava que não poderia mais ser surpreendido pelo camisa 01. Mas ele é mito, e não é chamado assim à toa;o é pelo que faz dentro de campo e especialmente nos bastidores do Tricolor.
Rogério foi espetacular na noite desta quarta-feira. Fez defesas importantíssimas, converteu o único dos três pênaltis cobrados pelo time e quase defendeu duas das cobranças do Nacional. E, vendo o ano terminar  - seu último ano como jogador – na quarta cobrança convertida pelo time colombiano, seu sonho de despedir-se com um título acabou. Em um misto de emoções que envolve desde a tristeza da derrota, do fim próximo de carreira e o orgulho de ter visto o São Paulo lutar até o fim, ainda mais depois de um ano incrível – dele e de toda a equipe – Ceni concedeu entrevista claramente embargado. “[...] Só tenho a agradecer. É um puta orgulho fazer parte de um time bacana como esse. A gente só lamenta o fato de não poder disputar o título.
A emoção de Rogério me emocionou. E percebi que Rogério Ceni é o “jogador da vida" do São Paulo. Talvez o São Paulo tenha outros ídolos, outros grandes goleiros e capitães no futuro, que talvez até cobrem faltas e pênaltis também. Denis já vem treinando cobranças de falta. Torço pra que ele seja um grande goleiro e ídolo, caso suceda de fato Rogério. Mas amor, é um só. E este é Ceni, o retrato definitivo do Tricolor.
Fonte: Lance Activo!
Imagem: iG