11 abril 2018

Colecionar é liberta(dor)!




Minha história com a música não é de agora, da era MP3. Me lembro o quanto gostava de comprar CD’s no final dos anos 90.

Não existe sensação que se compare a de folhear um encarte de um álbum, é indescritível, inenarrável. Nunca abri um CD de "supetão", sempre esperava um lugar calmo onde poderia dedicar meu tempo a aquela finalidade.

Gostava de comprar, guardar, mas não me considerava um colecionador, nunca tive uma discografia completa de alguma banda ou artista, mas em minha última contagem na segunda metade dos anos 2000, tinha pouco mais de 500 CD’s, sendo que menos de 1/5 desses CD’s eram importados (não prensados no Brasil).

Também me lembro de alguns presentes, dentre eles o primeiro de todos, Mortification - Envison Evangelene, ganhei de aniversário da minha mãe. Pediu pra dois amigos encomendarem na Woodstock Goiânia, uma fortuna, pouco mais de 20% do salário minimo da época. Meu segundo álbum foi o Stop the Bleeding, do Tourniquet, que também foi adquirido nessa mesma loja. Outros presentes que recebi foram de amigos, Going Public do Newsboys e Michael Sweet (1994) do Jeancarlo, Fold Zandura, Supertones e Bride - End of the age do Tyago Paulo, Stryper - Seven do Caio Almeida. Ganhei também um LP do Mortification que já se perdeu no tempo, um dos seus melhores álbuns, Break the Curse.

Episódios engraçados também ocorreram. Em 1997 estraguei um CD do Clark, Stryper - Soliders Under Command, tive esconder do cidadão até conseguir repassar a grana de uma nova aquisição. Falando em Stryper, já participei de várias reuniões de oração e entre os pedidos sempre tinha aquele para a banda voltasse a ativa, kkkkkk. Como aconteceu 14 anos mais tarde.
Também já comprei CD apenas pela capa, como o inesquecível Parousia, lembra dessa Jean? Guardian - Promessa também foi decepcionante. Mas também acertei em outras ocasiões.
Teve uma situação devido ao título de um CD (acredito que seja o único) do Empty Grave, “Inside the man there is na empty space which has the size of God”, uma outra por causa de umas camisetas da contra capa do Envision Evangelene e uma outra por causa de uma capa preta, essa é melhor nem tocar no assunto, kkkkkk.

Alguns álbuns foram marcantes, muitas bandas nacionais que surgiram e se foram como Amós, Bélica (Vollig Heilig), Light Hammer, Kennereth, Trino, Clemency, Destra, dentre outras. Destaco também o álbum Esta Noite da também extinta Seiva Nova e o álbum Metrópolis do guitarrista Jonatas Duarte (Matéria Prima). Comprei o álbum Mais Doce que o Mel do Rebanhão em um Sebo da avenida Goiás com um punhado de moedas que seria pra pegar coletivo. Acabei indo a pé pra casa.

Das mais famosas, já fui em Shows das gringas Guardian, Bride, P.O.D., Petra, Whitecross, Stryper e Narnia.

Hoje na era Spotify, Deezer, iTunes e afins, quase não se compra mais CD, artistas estão voltando a prensagem de LPS, para atingirem o pequeno público de colecionadores.

Ainda compro CDS, um ou dois ao ano, e os guardo lacrados, um sonho de criança que era de ter uma sala repleta de LP’s e CD’s de bandas que fizeram vai ser tornando cada vez mais distante. Ficam as lembranças que nos marcaram em momentos diferentes da vida.

Situações simples que nos deixam nostálgicos, como andar quilômetros a pé pra gravar um K7 Basf no amigo Toninho, na antiga fábrica de calçados, entregar uma outra pro Clark e esperar a boa vontade dele em devolver com a cópia daquele álbum que só ele tinha, de ir pra Churrascaria do Gaúcho na madrugada tomar um mate e escutar um som com o Jean. Ouvir um K7 com Tyago Paulo e Rabi Tyago no Gol BX do sr. Benedito Mendonça ou ir na casa do Josias Ricardo Jr, Cláudio Lucena pra ouvir seus LP's, entre outras figuras sabíamos que haveria ali algum material novo. A gente sempre compartilhava música, era nosso assunto. A música continua, hoje porém restritamente nos fones de ouvido e os amigos, bem, eles estão por ai, mas de uma forma ou outra, se foram com o tempo, cada um individualizando suas novidades.
Nos resta os arquivos e as lembranças. Como diz um amigo virtual, colecionar é liberta(dor)!


Mardhell Garcia